Beijando a lona no bom sentido

Startup de economia circular estreia como transformadora

Com nome feito em soluções de logística reversa e economia circular para pedestais empresariais, como Procter & Gamble e Pepsico, a start up WiseWaste põe à prova sua expertise estreando na transformação de plástico. O estopim dessa reviravolta, que levou a empresa até a trocar o nome para Boomera, foi a aquisição do negócio de lonas multiuso de polietileno da operação brasileira da norte-americana Bemis. Sem abrir o montante da transação, Guilherme Brammer, CEO da nova transformadora, antevê a possibilidade de faturar R$100 milhões até 2020 e espera o retorno do capital aplicado em um ano e meio a dois anos. “Ele virá das vendas de lonas e do aproveitamento da infraestrutura da fábrica em Cambé, no Paraná, para desenvolver e industrializar outros produtos contendo plásticos reciclados”, atribui o empreendedor.

Brammer: verticalização coerente na operação de transformação.

A Bemis já lustrava o nome da WiseWaste como parceira no bem sucedido projeto de reciclagem das embalagens flexíveis fornecidas para a Sou, linha de produtos de higiene pessoal da Natura. A atividade de lonas extrusadas caiu no colo da Bemis quando ela incorporou os ativos da Dixie Toga, nos idos de 2005, e desde então vagou como um estranho no ninho num portfólio concentrado em embalagens flexíveis e rígidas. À guisa de esclarecimento, a Bemis liberou, no início de maio último, um comunicado à praça no qual dizia que, após avaliar os resultados da parceria iniciada com a WiseWaste, topou vender-lhe as operações da fábrica de lonas em Cambé, acordo que incluiu a contratação dos funcionários da unidade. “A Bemis queria vender e nós precisávamos verticalizar nossa atividade como parte do modelo de negócio que escolhemos”, assinala Brammer. A venda rolou num momento em que a corporação Bemis revisa sua estrutura e foca estratégias como acentuar o processo de sofisticação de suas embalagens na América Latina e Ásia. “Ela nos ofereceu o negócio de lonas porque nunca fez parte de sua vocação; foi mantido anos a fio até chegar ao ponto de a Bemis decidir que não tinha porque continuar com ele e nos fez a oferta”.

A compra, detalha Brammer, envolveu a marca Carreteiro, a tecnologia patenteada XF de PE crosslinked (reticulado), o imóvel com área construída de 10.000 m², e três extrusoras, além de laminadora e periféricos como moinhos, ressaltados pelo dirigente como adequados a seus planos de reciclagem. “No momento, a capacidade instalada em Cambé é de 500 t/mês e abarca desde a regranulação e reciclagem ao acabamento do produto final”, situa Brammer. “A lona é produzida com seis camadas e sua tecnologia crosslinked aumenta significativamente a resistência a rasgo e a UV, permitindo o trabalho com gramaturas menores sem prejudicar a performance”. Há mais de 30 anos em campo, a lona Carreteiro, confirma o CEO da Boomera, utiliza em sua extrusão polietieno de baixa densidade virgem com aparas de primeira moagem. Indagada sobre as dimensões do consumo brasileiro de PEBD em lonas multiuso, a Braskem, única produtora da poliolefina no país, declara não dispor de dados a respeito desse segmento usuário também de PVC.

Boomera: unidade em Cambé mais focada em materiais sustentáveis.

Brammer informa que a Boomera mantém sede e laboratórios na capital paulistana e a produção de lonas permanece no norte paranaense, na região metropolitana de Londrina. Ele recusa a imagem da operação industrial de transformação como ponto fora da curva após seis anos de foco no desenvolvimento de soluções sustentáveis, a cargo da WiseWaste. “Lonas agrícolas são usadas para preservar os produtos e evitar desperdício no campo. Além do mais, nossa tecnologia XF permite o emprego de matéria-prima sustentável (reciclado pós consumo) em sua composição”, argumenta o dirigente. “Trata-se de uma operação totalmente complementar ao modelo de empreendimento que escolhemos para ganhar escala. Também estamos investindo em equipamentos para ampliar a oferta de produtos sustentáveis em volumes maiores”. O novo posicionamento inspirou Brammer a substituir WiseWaste por Boomera na razão social do seu negócio. Boomera, a propósito, vem da fusão de dois artefatos de aborígenes australianos: bumerangue e woomera. “Buscamos os melhores conceitos deles e Boomera significa que nossos negócios alçam voo e aterrissam com precisão”. O fato de eles aterrissarem numa economia tão errática quanto os saltos de canguru e que, se cobrir com lona vira circo, é que são elas. •

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