Água viva

Hydra injeta adrenalina para torneiras de ABS deslancharem

A afinidade do material com produtos para banheiro chegou ao ponto de inspirar a categoria Metais Sanitários, em acatados perfis setoriais como o da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat). Apesar da solidez dessa supremacia, o plástico continua a perseguir com gana a saída de uma participação secundária no mercado de torneiras residenciais. A pressão sobe com a entrada este ano em torneiras de copolímero de acrilonitrila butadieno estireno (ABS) realizada pela Hydra, marca integrante da Divisão Deca (louças e metais) da Duratex, top of mind nacional em inovação em produtos para construção e decoração.

A Duratex tem nome feito em torneiras metálicas da marca Deca e, ao colocar um pé na canoa das versões plásticas, fortaleceu uma tendência nesse reduto, abraçada por ases do naipe da Tigre, atuante em torneiras de ABS e que adquiriu no ano passado a indústria de metais sanitários Fabrimar. Theo Dutra Vieira, gerente de marketing da Deca e Hydra, tem uma visão realista da demanda em vista. A base de suas digressões é a assinatura da Hydra em duchas e torneiras elétricas de plástico injetado. “O perfil desse consumidor varia”, pondera o executivo. “Embora seu principal volume venha da classe C, temos percebido um incremento na penetração da categoria plástica em todos os públicos”, Conforme esclarece, essas torneiras e duchas oferecem conveniência aos consumidores. “Proporcionam o conforto da água aquecida em ambientes onde não há suprimento de energia a gás ou acumuladores”. No arremate, Vieira encaixa os préstimos de tecnologias como os chuveiros híbridos de sua empresa. “Complementam todos os sistemas de aquecimento, gerando economia energética e de água”.

A Hydra lança este ano, assinala o gerente, torneiras elétricas de ABS coloridas, mesmo polímero instalado de suas chamadas torneiras frias. “As vendas de torneiras coloridas estão surpreendendo nossas expectativas”, ele comenta sem abrir números.

Torneiras plásticas, apesar do esmero crescente na sua qualidade e visual, ainda têm muito chão a vencer para usufruir o livre trânsito das versões de metal em projetos de arquitetos e decoradores. À frente de um dos mais prestigiados escritórios de arquitetura do Brasil, com milhagem superior a três décadas no ramo e mais de 500 projetos comerciais e residenciais em seu portfólio, Renê Fernandes Filho revela jamais ter especificado torneiras de plásticos simplesmente porque jamais foi municiado de qualquer informação sobre elas. “Eu até fiz o projeto de uma das salas de banho do Espaço de Design Deca, no bairro dos Jardins, em São Paulo, e nunca soube de torneiras da empresa que não fossem de metal”. Do seu lado, Theo Dutra Vieira reitera vir recebendo retorno positivo de arquitetos, decoradores e designers a respeito das torneiras plásticas da Hydra.

Içada em rankings setoriais ao quinto lugar no Estado de São Paulo e vigésimo no Brasil em faturamento por metro quadrado, a Nicom, com sua única loja na zona sul paulistana, é um ponto fora da curva no varejo de materiais de construção. Hiroshi Shimuta, diretor presidente dessa empresa na ativa há 28 anos, acha que, pelo andar da carruagem. as torneiras de metal continuarão a desfrutar a preferência dos consumidores. Mas nada é eterno. “As torneiras de ABS apresentam qualidade, até comparável à do metal em algumas linhas”, observa. “Os fabricantes estão investindo em novas formas de apresentação desses itens, com o mesmo design das torneiras metálicas e com a vantagem de as versões de plástico serem muito mais baratas”.

Shimuta reitera ser difícil o metal ser varrido de todo pelo plástico nas torneiras, “pois sua resistência é muito boa e reconhecida pelo mercado, além de apresentar sofisticação e diversas opções de modelos”. Em contrapartida, coloca, “ABS tem um mercado novo em torneiras, com muito terreno por conquistar; basta lembrar que todo os encanamentos eram metálicos no passado. No momento, o preço menor dos produtos de ABS sensibilizam mais a população de baixa renda”. Contudo, acrescenta o presidente da Nicom, os fabricantes podem trabalhar junto com seus promotores de forma a ampliar a exposição e conhecimento a respeito das torneiras de ABS nos pontos de venda, demonstrando sua qualidade e custo/benefício. “Mudar a mentalidade das pessoas em relação a produtos demanda tempo e investimentos”, nota. “Para conquistar os consumidores, o segmento de torneiras de ABS precisa oferecer opções que demonstrem a possibilidade de elas serem utilizadas em diversos ambientes”. Em paralelo, Shimuta considera essencial um estudo de padrões de qualidade, por parte dos grandes fabricantes, para tornar as torneiras de ABS mais confiáveis aos olhos do público. “Certificados de instituições prezadas como o Grupo Falcão Bauer podem mudar os antigos conceitos de clientes”, ele sugere.

No mapa de vendas da Nicom, as torneiras de ABS de maior saída são as brancas e cromadas. Shimuta enxerga essa liderança como indestronável pela neutralidade e tradição, mesmo com a chegada de mais cores a este segmento. No balcão da Hydra, Theo Vieira Dutra salienta que uma vantagem da torneira de ABS sobre contratipos existentes de polipropileno (PP) é o fato de o copolímero estirênico admitir mais opções de cores, além de melhor acabamento e maior estabilidade dimensional.
Há na praça uma gama maior de colorantes (corantes, pigmentos orgânicos e inorgânicos) para ABS do que para PP, confirma Roberto Herrero, coordenador do laboratório de desenvolvimento de cores da Cromex, nº1 nacional em masterbatches. “As cores formuladas com estes colorantes apresentam alto brilho quando aplicadas em ABS, em razão de características da resina, mas o desenvolvimento de uma cor mais fosca também é viável”, assinala. Quanto a PP, completa, perde para ABS na intensidade do brilho e a concepção de suas cores restringe-se ao uso de pigmentos. “Corantes apresentam tendência migratória quando empregados em poliolefinas”, explica Herrero. O portfólio da Cromex insere o técnico, acena com uma pluralidade de cores para ABS com efeitos metalizados, perolados e glitter, além da linha de masters fosqueantes.

Na trincheira da componedora Termocolor, o gerente comercial Wagner Catrasta confirma que ABS baste PP em atributos ópticos como brilho e metalização. No embalo, ele abre seu mostruário de cores e auxiliares para ABS, entre eles os aditivos termocrômico, antimicrobiano, de marcação a laser e para melhorar o ciclo de injeção e a estabilidade dimensional da torneira. “No passado, a oferta de torneiras de ABS limitavam-se aos tipos branco cromado, enquanto hoje o produto entra na moda em versões preta, vermelha e azul e cada vez mais nos pedem para desenvolvermos cores novas”.

Paulo Motta, diretor para a América do Sul da petroquímica Ineos Styrolution America, pêndulo global em ABS, esclarece que a torneira é produzida com o copolímero desprovido de carga. A resina já proporciona as características mecânicas necessárias, recebendo apenas aditivação anti UV para garantir resistência ao intemperismo”, ele esclarece. Torneiras são artefatos talhados para injeção a gás de grades de alta e média fluidez da Ineos Styrolution. “A fluidez é imprescindível para a boa distribuição de ABS na cavidade do molde e para o equilíbrio da espessura nas paredes da torneira”, justifica Motta. •

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