A química da sobrevida

Uma aposta para provar que PS tem lugar na economia circular

Formadora de opinião e preços em estirênicos, a alemã Ineos Styrolution firmou, na primeira metade de 2018, acordo para utilizar a tecnologia de de-polimerização de PS descartado da start up norte americana Agylix em planta próxima ou nas dependências de uma de suas unidades nos EUA. A parceria, de investimento não revelado, visa alinhar com a economia circular um polímero cada vez mais barrado pelo alarido ambientalista das embalagens e descartáveis, por ser considerado de reciclagem mecânica cara e trabalhosa. Fábio Bordin, diretor da Ineos Styrolution para a América do Sul, aponta nesta entrevista as justificativas e objetivos desse ingresso da sua empresa na caça a soluções químicas de sustentabilidade.

Bordin: de-polimerização de PS prevista para estrear daqui a dois anos.

1Quando este projeto de de-polimerização de PS deve ganhar a escala piloto? Como compara o investimento perante a reciclagem mecânica e por que a Ineos agora se volta para embalagens descartadas se refrigeradores são o seu foco primordial em PS?
A produção está prevista para iniciar em 2021. A propósito, essa aposta na de-polimerização não traduz ceticismo quanto à viabilidade da reciclagem mecânica. Apoiamos todas as tecnologias de reciclagem. Com a de-polimerização de PS, estamos complementando as alternativas para reaproveitar a resina. Por ora, é confidencial o investimento estimado para uma unidade de de-polimerização em escala comercial, mas decerto trata-se de solução tão viável economicamente quanto a reciclagem mecânica.

2 Quais desafios técnicos para a reciclagem mecânica corresponder às expectativas que levam Ineos e Agylix à alternativa mais cara e complexa da de polimerização de PS?
Não vemos desafios técnicos. A de-polimerização é a melhor opção no âmbito da economia circular, pois permite o fechamento do loop da cadeia do PS ao fornecer o monômero como produto final. Outra vantagem dessa tecnologia: o termoplástico gerado pelo monômero resultante da de-polimerização de PS pós-consumo pode ser empregado em qualquer produto acabado, a exemplo de embalagens alimentícias, enquanto o polímero reciclado mecanicamente tem grandes limitações de uso, por causa de entraves como riscos de contaminação, sendo então dirigido a aplicações menos nobres.

3 Pressionado pela economia circular, o mercado de PS encolhe em embalagens e descartáveis e escasseiam os investimentos na capacidade mundial dessa resina, cuja produção é o maior mercado de estireno. Diante desse quadro, por que investir na de-polimerização de PS pós-consumo para gerar um monômero que na produção petroquímica acusa excedente?
A de-polimerização de PS é um tema mais relacionado com sustentabilidade do que com o ponto de vista econômico. A parceria da Ineos com a Agylix visa contribuir para o desenvolvimento sustentável dos estirênicos. A de-polimerização casa com a redução do desperdício de plástico apoiada pela Ineos, realizando a transição para a economia circular, agregando valor e reduzindo ou eliminando resíduos que podem, por exemplo, terminar em aterros sanitários e oceanos. PS é polímero de grande valor e está perdendo mercado pela incorreta percepção de que não é reciclável. Com a adequação da resina à economia circular, esperamos alterar esta sua imagem negativa e recuperar a demanda, já que a pegada ambiental de PS é menor que a de alternativas não poliméricas. •

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