A cor da satisfação

Componedores afiam atendimento para reter clientes mais preparados e assediados

MasterbatchesEm prevista reprise de 2015, o balanço de 2016 do setor de produtos de higiene e beleza, perfumaria e cosméticos levou bordoada com queda de -4,2% no volume de venda e de -6% no faturamento, já avermelhado em -9% no tétrico exercício anterior. A subida do desemprego, a sobrecarga tributária e a perda do poder de compra endurecem a queda de braço entre a fé a razão nas tentativas de se vislumbrar que bicho vai dar em 2017.

Artigos de higiene e beleza são irmãos siameses de cores e efeitos especiais para embalagens plásticas. No suadouro do terceiro ano de recessão, o comportamento desta indústria sintetiza o freio hoje puxado por qualquer mercado nas suas encomendas de desenvolvimentos sob medida aos componedores de masterbatches. Num efeito cascata generalizado, eles agora dão primazia à busca de faturamento zelando pelos serviços para segurar uma clientela bem mais assediada pela concorrência.

“No plano geral, a cadeia de masters não consegue mais trabalhar com previsão de pedidos para três meses, pois as demandas são de cunho mais imediato”, percebe Roberto Castilho, gerente comercial para o negócio de masterbatches da subsidiária da componedora norte-americana A.Schulman. “O cenário embute grandes oportunidades para quem conta com ferramentas adequadas como o nosso programa Pull System, pelo quial conseguimos, via histórico de vendas, antecipar as necessidades dos clientes com estoque e produções mais rápidas e flexíveis”. Na esteira, Castilho lista produtos para filme de polietileno (PE) entre os seus materiais mais procurados: auxiliares de fluxo, antioxidantes e masters brancos de excelente dispersão. “Evitam a ruptura da película na sua extrusão”.

Na conjuntura atual, os transformadores em regra operam com ociosidade expressiva e dedicam-se mais à manutenção de suas máquinas. Para Castilho, esse comportamento favorece a venda de masters combinados com auxiliares de processo. “Algumas empresas passaram a trabalhar em apenas dois turnos e precisam da máxima produtividade neste período”, nota. Além disso, insere, o retorno à operação de máquinas paralisadas por um turno é fator crítico para o rendimento fabril. “É fundamental a adição de auxiliar de processo na extrusora parada, pois esses auxiliares reduzirão no reinício a geração de refugo; caso contrário, a produtividade corre risco de ficar comprometida por até 12 horas”. Castilho ilustra essa precaução ao recomendar o uso a 1% do seu antioxidante Polybatch APS N02816. “Diminui a incidência de aparas, melhora a qualidade do filme e ajuda a poupar energia”.

Grupo Copobras/ Descartáveis e Filmes

A venda é técnica

“Para o Grupo Copobras, bom fornecedor de matéria-prima é o que ajuda a resolver os probelams do cliente”, sintetiza Alex Piva, gerente de engenharia de produto. “Além das características técnicas, influem na nossa escolha dos fornecedores de masters a qualidade documental e no atendimento, fora preço e prazo de pagamento”, ele expõe. “Muitos componedores não preenchem todos os requisitos, a exemplo das determinações da ISO 22.000”. Piva pondera, a propósito, que componedores de masters com visão globalizada captam melhor as expectativas do Grupo Copobras. “Cientes disso eles ganham agilidade e assertividade nos desenvolvimentos que solicitamos, uma percepção viabilizada pelo fato de destinarem um técnico profissional para o atendimento comercial”. A venda técnica é uma tendência em masters, assevera Piva. “O mercado se adapta cada vez mais a essa condição e a Copobras a tem observado no atendimento recebido dos compoendores globalizados com quem procura atuar”.

Wagner Catrasta, gerente comercial da componedora Termocolor, assina embaixo de várias colocações de Roberto Castilho. “Nos últimos anos”, avalia, “os transformadores investiram em profissionais no desenvolvimento de materiais que, com conhecimento de causa, passaram a exigir cada vez mais do atendimento prestado pelo fornecedor de masterbatches”. Em decorrência, afirma, hoje cobra-se do componedor resposta mais rápida e objetiva aos pedidos de desenvolvimentos e testes em linha de lotes piloto viraram rotina, tal como laudos colorimétricos, certificações e análises laboratoriais por lote. Esse quadro levou a equipe da Termocolor a incrementar a área de inteligência de mercado e a participar mais dos ganhos de produtividade almejados pelas empresas de sua carteira. “Além dessa ação conjunta, o atendimento foi personalizado a ponto de nos envolvermos até com a equipe de design na fase de definição da cor”. No âmbito do processo na transformação, Catrasta assinala que a crise não tem embaçado a demanda por agentes auxiliares. “Percebemos apenas algumas paralisações temporárias de projetos”.

Com a piora da economia em coma desde 2015, o mercado passou a atentar muito mais para aspectos relacionados ao custo do capital e da operação de cada empresa do que para as características técnicas dos concentrados, julga José Fernandes, sócio e diretor comercial da componedora Cromaster. “Em decorrência da baixa dos estoques resultante da falta generalizada de caixa e do dinheiro caro, o prazo de entrega dos pedidos caiu muito, obrigando-nos a uma mobilização para atendê-los no menor prazo possível, garantindo assim a venda e o pagamento”, expõe o componedor. “Devido ao grau de descapitalização, ficou muito difícil de administrar o alto risco imposto pelo mercado, com algumas empresas em enormes dificuldades para honrar pagamentos e cobrando prazos maiores para isso”.

A necessidade de diminuir os estoques, atribui Fernandes, levou a uma pulverização nos lotes de pedidos de masters. “O cliente preferiu comprar mais vezes no mesmo mês, trocando assim o fornecimento mensal pelo semanal”. Em relação aos preços dos concentrados, ele acrescenta, também cresceu a preocupação com os custos. “Passou a vigorar a procura por masters mais baratos, inclusive em razão de concorrentes empenhados em manter volumes de vendas em momentos de alta queda no consumo”. Na contramão de Roberto Castilho, e Wagner Catrasta, Fernandes enxerga, de maneira geral, uma queda na procura por auxiliares de processo similar à sofrida pelos masterbatches. Em reação a esse panorama, ele conta, a Cromaster tem trabalhado nos ganhos internos de produtividade e no relacionamento com clientes mediante a apresentação de condições comerciais que ajudem a esta fase difícil para quem vende e quem compra.

“O momento é de cautela e foco na sobrevivência à espera de dias melhores”, sumariza Edson de Oliveira Penido, diretor comercial da Karina, nº1 do país em compostos de PVC para terceiros e rolo compressor em masters. Nos últimos dois anos, ele distingue, o destaque no atendimento é o cuidado redobrado na análise creditícia e negociação de preços. “Todos os transformadores ficaram bem mais críticos quanto ao custo de matérias-primas e ao volume de problemas financeiros, efeito do crédito bancário restrito e alta dos juros gerando inadimplência e dificultando pagamentos nas datas combinadas”. Penido também lamenta que o setor de masters tenha penado com reajustes nos preços de matérias-primas como resinas, aditivos e pigmentos como dióxido de titânio e negro de fumo. “Num momento em que o mercado cobra redução de preços, temos que ir com aumentos ao encontro dos clientes”.

Sob pressão da crise no bolso, os transformadores aumentaram seus conhecimentos sobre insumos e especificações dos masters em vista, observa Thiago Ostorero, gerente comercial da componedora Engeflex. Para acertar o compasso, explica, sua empresa aguçou a qualificação da equipe para assessorar transformadores em ensaios laboratoriais, try out e propostas de melhorias nas propriedades dos masters. “Outra exigência do mercado que passou a distinguir o atendimento dos componedores é o tempo para solucionar questionamentos quanto ao fornecimento de ordem técnica, logística ou comercial, daí a vantagem de contarmos com sede em São Paulo e filial na Bahia”. Ostorero encaixa estar na reta final a implantação em sua componedora de um software de gestão de relacionamento pré e pós venda com o cliente (CRM). Ele nota ainda que o chumbo grosso da recessão aditivada com aperto monetário comprimiu volumes de compra de masters. “Passamos então a entregar lotes em quantidades em nível mínimo abaixo dos vigentes em nossa carteira antes da crise”.

Plasvale/Utilidades Domésticas

Altos e baixos

“São poucos, em geral, os fornecedores de masters que nos apresentam as tendências internacionais em cores, preferindo apresentar o mostruário de combate no contato inicial e desperdiçando assim a chance de despertar nosso interesse e de aumentar o valor de suas vendas”, notam Neusa Felipi, coordenadora de suprimentos, e Marco Aurelio Adriano e Flanery Demarche Fumagalli, respectivamente analistas de processos industriais e de desenvolvimento de produto da Plasvale, orgulho nacional em utilidades domésticas.

Nos quesitos básicos, assegura o trio, a equipe técnica dos componedores selecionados atende muito bem, com um desempenho classificado satisfatório quanto a soluções de dificuldades e testes em linha. “Muitas vezes”, eles elogiam, “esses fornecedores coletam amostras dos materiais que utilizamos para submeter a ensaios e sanar problemas”.  Nem todos os componedores que buscam a Plasvale, eles assinalam, dispõem do nível de qualidade esperado pela empresa. “Em alguns casos, precisamos negociar a troca ou ajustes na composição do concentrado, um serviço prestado pela maioria dos fornecedores”. Adriano, Flanery e Neusa  não digerem bem a assistência recebida em termos de desenvolvimento de cores. “Em grande parte, a agilidade dos laboratórios dos componedores deixa a desejar, complicando a estratégia da Plasvale de poder lançar um número razoável de coleções de cores ao longo do ano”.

Adriano, Flanery e Neusa consideram satisfatório o atendimento comercial prestado pelos componedores. Os poucos senões que eles destacam dizem respeito a prazos. “Nem todos os fornecedores  mostram flexibilidade quanto a prazos de pagamento e, em alguns casos, o cumprimento dos prazos de entrega poderia ser melhor”.

Desde 2015, a retração da demanda evidenciou a necessidade de se reduzir custos com estoque e, a tiracolo, os fornecedores de masters viram-se pressionados a encurtar os prazos de entrega. “A mudança fez toda a cadeia passar a gerenciar o estoque de seus clientes”, conclui Elisangela Melo, gerente de vendas da Cromex, verbete nacional em concentrados. “A implementação efetiva do software Planejamento de Vendas e Operações (S&OP) vem colaborando para atendermos devidamente na fase de pré-venda. Por exemplo, disponibilizamos lotes menores de entrega remetidos da nossa unidade na Bahia”. Elisangela constata que a clientela tem valorizado a assistência técnica dada pela Cromex ao vivo na planta transformadora e as indicações sobre concentrados de melhor performance e rendimento. “Os pedidos de desenvolvimento seguem um fluxo mais enxuto e abrimos acesso ao nosso banco de dados em casos de desenvolvimentos prementes”. A executiva completa o cerco em serviços com a ferramenta do simulador de cores no site da Cromex, para vendas ao vivo nas instalações do cliente. “Simula a cor desejada com aplicação num produto em 3D”, ela resume.

Elisangela embarca na corrente de quem sente o clima atual, de alta ociosidade generalizada na transformação, propício para impulsionar as vendas de auxiliares de processo. Entre eles, ela pinça do portfólio de seus auxiliares de fluxo combo (auxiliar + antioxidante AX 14923 e AX 13279). “Aprimoram o acabamento de frascos soprados e filmes, minimizam a formação de linhas de fluxo e reduzem o efeito de casca de laranja, a formação de soldas frias e a incidência de defeitos gerados por die build up”. Quanto aos investimentos na prestação de serviços e lançamentos em curso na Cromex este ano, Elisangela atenta, em particular, para o aperfeiçoamento do uso do módulo Planejamento de Necessidades de Material (MRP) do software empresarial SAP. “Visa melhorar o fluxo de atendimento ao pedido, além de constituir um investimento na mobilidade da força de vendas e na facilitação das atividades operacionais”. Quanto aos diferenciais no catálogo, Elisangela se aferra a novas linhas de masters para fios e cabos, agronegócio e PET, além do aditivo antimicrobiano e do concentrado Superblack, com maior teor de negro de fumo.
Nos últimos dois anos, repara João Ortiz Guerreiro, diretor da componedora  Aditive, os clientes trocaram em regra as programações de pedidos por quantidades parceladas para entrega imediata. “A mudança exige melhora no planejamento e controle da produção e, do lado da Aditive, acentuou a flexibilidade de entregas como um diferencial seu, um ganho cuja contrapartida são as horas extras necessárias para correspondermos às expectativas”. Valeu a pena, pois ele frisa, arisco a dar números, que seu negócio cresceu em 2016 sobre 2015.

Plásticos Mauá Sul/Peças Injetadas

Diferenciais que são obrigações

“No contexto atual do mercado, fatores como atendimento, agilidade e qualidade nos serviços de desenvolvimento de masters e aditivos não são diferenciais, mas requisitos obrigatórios a todos os fornecedores”, pondera Gabriel Reiser, gerente de qualidade da transformadora de injetados Plásticos Mauá Sul. Para o executivo, a linha divisória entre homens e meninos na assistência técnica a desenvolvimentos está no alinhamento e planejamento pré-venda das necessidades do cliente em relação ao fornecedor. “Além de eliminar possíveis problemas, esse procedimento otimiza o pós-venda, visando aperfeiçoamento e não a correção do material fornecido”. Na esfera comercial, Reiser comenta que a conjuntura econômica e a concorrência em brasa entre componedores facilitam a chegada a um denominador comum e benéfico para ambas as partes nas questões de preços, condições de pagamento e programações de entrega.

Retomando o fio da área técnica, o executivo lista como pontos altos dos componedores que lhe atendem a capacidade de desenvolvimento, ensaios laboratoriais e homologação de cores e aditivos, além do fornecimento de certificações e da qualificação das equipes dos fornecedores. “Um ponto a ser melhorado é o prazo estabelecido para desenvolvimentos”, ele julga. Na esfera comercial, ele elogia tópicos como a proatividade e a flexibilidade na negociação  de preços e prazos de pagamentos, enquanto vê espaço para aprimoramentos nos cronogramas de entrega e na logística de expedição.

Ortiz também fecha com a ala dos que traduzem bom tempo para as vendas de auxiliares de processo na maior atenção dispensada pelos transformadores às suas máquinas numa conjuntura de ociosidade relevante instaurada pela demanda em baixa. “Nossas vendas desses aditivos não caíram, apesar de constatarmos desinformação em boa parte dos transformadores sobre os benefícios proporcionados por esses auxiliares”. Para enquadrar-se aos novos tempos, revela o diretor, a Aditive tem investido na implantação do sistema SAP, trunfo para integrar o controle operacional e lapidar o atendimento, e lança este ano especialidades como masters do tipo condutivo, anticolapsante, antichama, com agente acoplante e anti UV para agrofilmes.

Começa a invasão

A.Schulman começa a trazer do México master branco para PE

Filmes de PE: na mira dos masters brancos mexicanos que começam a chegar ao Brasil.
Filmes de PE: na mira dos masters brancos mexicanos que começam a chegar ao Brasil.

1917 vai ficar na linha de tempo da norte-americana A.Schulman como o ano de uma guinada no perfil de sua operação no Brasil. Focada até então no suprimento de concentrados e auxiliares de uso mais seletivo, a exemplo dos masters para filmes biorientados de polipropileno BOPP), a empresa extrapola esses limites desde abril, ao trazer de sua fábrica no México, à sombra das isenções tarifárias do acordo bilateral comercial vigente desde 2003, o primeiro container de 25 toneladas para disputar o maior mercado de concentrados commodities: masters brancos para polietileno (PE), cuja demanda é dominada por filmes e cuja produção nacional é liderada pela Cromex.

Até o momento,a A.Schulman tem trazido de sua unidade mexicana em San Luis de Potosi, na ativa desde os anos 1990, masters coloridos e brancos de cunho especial. As facilidades do acordo bilateral comercial asseguram preços competitivos no Brasil a esses concentrados de alta dispersão formulados no México numa extrusora que fornece de 500 a 600 kg/h. “Entre seus clientes internacionais já figurava a operação de nãotecido da Fitesa no Brasil”, ilustra Castilho. No portfólio da A.Schulman, o master branco para PE embarcado nio México é o tipo Polywhite 8004 W, com poder de cobertura de 70%.

Com esse desembarque no maior reduto brasileiro de concentrados, traduz o gerente comercial Roberto Castilho, a A.Schulman estreia em masters commodities no Brasil e não está fora do radar a possibilidades de, após o master branco, a filial mexicana despachar para cá masters de cores claras básicas. Até então, nota o gerente, a A.Schulman evitava concorrer por aqui em masters coloridos convencionais.Tem exportado para o Brasil masters como tipos coloridos de cunho diferenciado para usuários como clientes múltis do grupo com plantas no Brasil. Se fosse partir para a nacionalização de masters de cores tradicionais, pondera o gerente comercial, a empresa precisaria de outra unidade em Sumaré ou comprar um componedor desses concentrados.” Isso é uma possibilidade mas não uma decisão para já”, ele deixa no ar. No momento, a capacidade em Sumaré, na ativa há 6 anos, produz em média mensal 500 toneladas de masters e aditivos, 200 de compostos de plásticos de engenharia e 140 toneladas de resina micronizada. Em 2015, a empresa produzia de 250 a 300 t/mês em Sumaré. Em 2017, anda na média de 800 t/mês. Castilho encaixa que o negócio no Brasil também tomou vulto com a produção de masters de processo, como auxiliares de fluxo, e com o fornecimento de master branco para nãotecidos. O executivo situa em 80%a participação da A.Schulman nas vendas brasileiras de masters para BOPP .

Oral Gift/Higiene Bucal

Derrapagem nos desenvolvimentos

“O mercado de masters está bem competitivo e o maior problema é o desenvolvimento de cores fora do catálogo dos componedores”, aponta Nilson Altair de Souza, diretor comercial da Oral Gift, estrela em ascensão de estojos e acessórios de higiene bucal. “Os fornecedores entregam o concentrado que consideram conter a cor em questão e nós ficamos desperdiçando hora/máquina e resina em testes para encontrar a tonalidade esperada, o que nem sempre conseguimos”. No momento, ele acrescenta, sua transformadora de itens injetados conta com dois componedores parceiros. Souza justifica este vínculo não só com a busca de cores mais exclusivas, mas com a procura do grau de qualidade perseguido por ele para masters como os desprovidos de chumbo.  No plano geral, pondera Souza, a Oral Gift está bem servida de componedores de concentrados. “O atendimento é muito bom em todos os sentidos, exceto no mencionado desenvolvimento de cores fora das plaquetas de amostras. “Os fabricantes de masters deveriam investir numa mini injetora, utilizar a resina do cliente e levar-lhe um protótipo injetado e pigmentado, em vez de apenas disponibilizar o concentrado que julgam apropriado”.

Dez em dez analistas taxam o Brasil, até com alguma polidez, de uma economia instável. Mas a A. Schulman enxerga bolsões para seu negócio florescer, a exemplo da liderança conquistada em masters para BOPP apesar da existência de um efetivo relevante de fornecedores locais. Devido ao seu grau de capitalização, ela sempre mede seus passos de expansão por aqui a partir de duas alternativas: comprar mais uma extrusora para Sumaré ou um componedor local concorrente, tal como fez ao se iniciar como produtora local comprando a extinta Mash Compostos. Não é segredo que os ativos brasileiros estão baratos em dólar e sobram na praça componedores expressivos descapitalizados e de fôlego em declínio para tocar o barco adiante. Em suma, um segmento com abundância de ofertas e barato para a A. Schulman ir às compras sem ampliar a já excessiva capacidade local de concentrados.

Inplac/Embalagens Flexíveis

Documentação complicada

“Antes de avaliar o desempenho, é preciso distinguir o perfil do componedor de masterbatches e aditivos”, delimita Loureni Schmitz, gerente de produção da Inplac, sensor das embalagens flexíveis industriais. “Há os fornecedores tradicionais, confiáveis e que atendem com primazia os mercados mais exigentes e há aqueles com pouco ou nenhum compromisso de fidelidade em preço, qualidade, suporte e desenvolvimento. Desse modo, uma parceria com os primeiros é o primeiro passo para se evitar dores de cabeça”.

No cotidiano da Inplac, em regra a assistência é oferecida, no primeiro momento, pelo próprio representante comercial da indústria componedora, explica Schmitz. “Quando ele tem conhecimento técnico sobre o produto, ganha-se muito tempo no diagnóstico e na resolução de problemas”, assinala. “Mas quando o representante é apenas um vendedor, em geral é necessário enviar previamente as amostras para na análises  e a solução pendente vem com morosidade”. Nesse ínterim, conta, o material suspeito é segregado e novo lote é enviado para reposição até a causa da falta de conformidade ser esclarecida. “O atendimento pós venda não é prestado de forma sistemática pelo componedor”, comenta o gerente da Inplac. “A funcionalidade do master e a satisfação do cliente costumam ser questionadas pelo fornecedor somente no momento da compra de novo lote”.

Schmitz não tem queixas em relação ao cumprimento dos prazos de entrega pelos componedores, mas nota dificuldades e demora, em determinados casos, no envio de laudos e certificações relativos à garantia de qualidade, segurança, funcionalidade e demais exigências sobre o master colocadas pelo cliente final. “Em especial, tratando-se de embalagens alimentícias ou de produtos químicos, para os quais se requer maior rigor na aplicação”, ele complementa. Atrasos também afloram no âmbito do desenvolvimento de cores ou aditivos fora do portfólio do componedor. Quando o produto solicitado não é item de linha, insere Schmitz, muitas vezes o tempo necessário para sua formulação e  produção ultrapassa a data de entrega estipulada pelo cliente final para receber as embalagens do transformador usuário dos masters ou aditivos em vista. O gerente de produção da Inplac lamenta o escasso esforço proativo dos componedores em informar sobre lançamentos de concentrados. “Em geral, a descoberta de um novo produto decorre da sua apresentação em feiras ou de consulta ao fornecedor feita pela  nossa área técnica ou de desenvolvimento”.

Dada a sociopatia da economia brasileira, as exportações pintam como um complementar porto seguro para a rentabilidade da operação em Sumaré. No momento, calcula Castilho, a unidade exporta 25% da produção para o restante da América Latina e Equador e Peru também são clientes de peso em masters para BOPP remetidos de Sumaré. No atlas do comércio exterior, deixa claro o gerente, a Argentina desponta como cliente de master branco de PE mexicano devido ao uso intensivo de silo bolsa no agronegócio.

Castilho adianta a expectativa de a operação no Brasil faturar este ano 25% a mais que em 2016 ou 20% a mais em volume. No ano passado, delimita, a subsidiária no país vendeu em média 600 t/mês e busca fechar o exercício atual na faixa de 720 t/mês. Embora atue como distribuidora de resinas nos EUA, a transposição dessa atividade para o Brasil está descartada porque, resume Castilho, a A.Schulman tem a Braskem, única produtora no país de PE e PP, em conta de uma parceira do seu negócio de concentrados. Nos próximos cinco anos, ressalta Castilho, a A.Shulman que dobrar o tamanho de seu negócio no Brasil, seja comprando competidores ou reforçando o parque de máquinas em Sumaré. Uma das vias já cogitadas é trazer uma das extrusoras da fábrica no México.

Os talentos natos do carbonato

Fornecedores da carga mineral  investem na produtividade e logística para se impor em concentrados

Sob om sufoco de três anos seguidos de crise, clientes como componedores de masterbatches recrudesceram suas exigências no pré e pós venda para seus fornecedores de auxiliares como cargas minerais. Pedra de toque do reduto de carbonato de cálcio a Micron-Ita tem tratado de ajustar o passo ao novo compasso. O diretor geral Lairton Leonardi pondera que determinados requisitos hoje colocados nunca saíram de cena, a exemplo da rapidez no desenvolvimento pré-venda e prazos de pagamento. Quanto a esta última condição, ele defende que a solução para proporcionar verdadeiro valor à cadeia integrada é a consignação de estoques. A propósito, salienta, um ponto fundamental na conjuntura recessiva desde 2015  é a administração do estoque no cliente. “Requer uma precisão logística capaz de reduzir ao máximo o capital investido em matérias-primas”.

Colar de pérolas
“Nos últimos três anos, a queda no consumo de plásticos nos levou a contribuir com os clientes disseminando  as próximas tendências internacionais em cores e novos pigmentos de efeito”, assinala Carlos Araujo Simal gerente comercial e técnico para plásticos e adesivos da Colormix, agente de grifes alemãs de pigmentos e auxiliares para formulações como masterbatches. Entre as novidades para ajudar a clientela a atenuar o baque da crise mediante produtos diferenciados, Simal fisga a nova linha de pérolas de vidro Luxan K da Eckart. “Seus destaques são as partículas graúdas e o brilho alusivo ao diamante”, ele distingue. As novidades trazidas da Eckart estendem-se às pérolas sintéticas de cores limpas e intensas das séries Symic e Edelstein Ruby Red. Quanto aos novos  aditivos na prateleira da Colormix, Simal aposta na receptividade dos componedores locais à melhora na dispersão do pigmento proporcionada pelo agente BYK-P 4102 da sua representada BYK.

Em reação à crise, ele conta, a Micron-Ita inaugurou um centro de pesquisas e reforçou a equipe de desenvolvimento de produtos. Nessa trilha, Leonardi enfatiza a necessidade de o setor de materiais abrir-se mais ao compartilhamento de recursos. “Sob a crise, é normal pensarmos a curto prazo, mas não se pode esquecer a perenidade das nossas empresas e a única forma de sermos competitivos é compartilhando recursos como estoques”. Em lugar de fornecedor e cliente manterem os respectivos estoques, sustenta, a Micron-Ita trabalha no sentido contrário. “Saem ganhado o capital de giro, o prazo de pagamentos e a logística adotando-se um único estoque para facilitar o fluxo de materiais no fornecedor e que esteja disponível ao cliente quando preciso”. Pelo flanco dos desenvolvimentos em curso em sua empresa, Leonardi distingue a lapidação de carbonatos de baixo tamanho de partícula e alto teor de cálcio.

Na trincheira concorrente da Imerys, João Henrique Scaloppe, diretor comercial para carbonatos na América do Sul, destaca em seu portfólio a  decolagem de Socal e Winnofil. “Constam de carbonatos de cálcio precipitados ultrafinos e revestidos que conferem ganhos únicos em propriedades mecânicas de peças plásticas”, salienta. No embalo, ele destaca os predicados de Camel-Cal, carbonato de cálcio revestido de 0,7 micron de tamanho médio de partículas. “Tem sido bem sucedido ao substituir modificadores  de impacto em peças dependentes de alta exigência mecânica”, ele acentua.

A caixa  preta dos masters

“Hoje em dia,os componedores nos desafiam a encontrar soluções comerciais e logísticas customizadas”, comprova Douglas Sila Araujo, coordenador de vendas de negro de fumo da Birla Carbon. Entre as sacadas ofertadas, o executivo cita a mudança do tipo de pigmento utilizado, na forma de transporte e, por fim, no embalamento.  “Em determinados casos, propusemos a alteração no processo produtivo  do cliente em prol da redução de custos de manufatura, caso da energia, e da melhoria do produto final”. Entre os investimentos ativados este ano pela Birla Carbon na produção e relacionamento com o cliente, Araujo cita a continuidade dos gastos para modernizar a planta em Cubatão, Grande São Paulo, a nomeação de Marina Estévez para a gerência de serviços técnicos para a América Latina e a divulgação de cinco tipos de negro de fumo fabricados pela filial coreana.  Um deles, esclarece o coordenador de vendas, é o pigmento condutivo Conductex K Ultra, acenado para fios, cabos e resinas de engenharia com características antiestáticas. Da série Raven consta o negro de fumo P125 Ultra, já aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária “para uso em embalagens alimentícias e de cosméticos”, completa Araujo. Outro destaque, ele segue, é o tipo Raven 475, de subtom azulado alardeado por Araujo como capaz de prover 10-15% a mais de tingimento que a concorrência ofertada para masters.  Por seu turno, Raven 2350 Ultra é remetido a plásticos de engenharia em face da alta profundidade de cor (Black Piano) e, por fim, o tipo  de elevada pureza Raven P5 Ultra é indicado para PVC, poliolefinas, matizes, pastas pigmentárias e fibras, fecha Araujo.

Hoje em dia, analisa o executivo, o mercado arfa sob maior oferta de material e menor volume disponível na praça. “Com isso, subiu a exigência dos clientes às voltas com maior oferta de carbonatos. Hoje, eles esperam receber o melhor produto a preços competitivos, além do lead time de entrega mais curto, sob pressão da redução dos estoques e do caixa das empresas”. Em meio a tamanho salseiro, Scaloppe frisa a conveniência logística de sua planta em Mogi das Cruzes, interior paulista, para sobressair no atendimento às regiões sudeste e sul. “Nesse cenário, manda a agilidade em identificar e corresponder às expectativas dos clientes”, interpreta Scaloppe. “Na Imerys o cliente não espera”.

Touro miúra espanhol em carbonatos minerais, a Reverté prospecta o mercado brasileiro desde o astro astral vigente em 2013, desenvolvendo alternativas para reduzir custo e melhorar a performance dos masterbatches, repassa Harry Talans, diretor da Talamac Brasil, agente da Reverté. “Através dos carbonatos de cálcio especiais que importamos,a reengenharia das formulações incrementou a produtividade das extrusoras e reduziu o teor de aditivos”.  Entre as inovações que a Reverté desembarca no país, Talans distingue a economia de processo característica do carbonato Calcipore 80T, de alta pureza e finura,  e o tipo Micral 2T. “Permite carregar filmes transparentes com masters contendo carbonato, reduzindo assim os custos e aumentando a velocidade de produção do filme. Entre os planos da Reverté para o período atual, Talans pinça a meta de ampliar a presença da empresa na garupa de uma operação logística local. “Pretendemos atender o mercado com prazos de entrega imediatos e produtos já  nacionalizados, a partir de armazém próprio”, adianta o representante.  •

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